Suas mãos tremiam enquanto tentava terminar a maquiagem. O espelho quebrado lhe dava uma boa perspectiva de como estava sua vida, de como estava seu dia, de como estavam seus sentimentos.
Tudo em cacos.
Não deixava o otimismo fugir-lhe, porém. E mantinha aquele sorriso sem graça pendurado entre as orelhas, como de costume.
Ouvia as pessoas chegando, ocupando as cadeiras, o barulho aumentava gradualmente, assim como sua ansiedade.
Talvez a ansiedade aumentasse o barulho, aumentava o suor nas mãos, aumentava a dor de estômago, aumentava o sorriso sem graça.
Enquanto bebia um gole de água, que preenchia seu estômago de gelo, pra equilibrar o frio que já estava lá, repassava tudo em sua mente, tentando concentrar-se.
Andou pouco mais de vinte passos, enquanto arrumava a gravata, a flor na lapela, os punhos da camisa.
Posicionou-se atrás da imensidão vermelha daquelas cortinas, esperando que o vermelho se dissipasse.
Aqueles segundos se estenderam por anos, ele sentia suas rugas acentuando-se por detrás da maquiagem, sentia a vista cansada, a coluna se curvando.
As cortinas se moveram, lentamente, ele viu os primeiros anônimos sem rosto nas primeiras fileiras.
Ouviu os aplausos. Assustavam como tambores marciais.
Disse a primeira palavra que deveria dizer.
- Obrigado!
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Era disso q eu falava. Simples, porém facinante!!
Novamente escolhi bem o novo autor.
=]
Parabéns e seja bem vindo.
A casa é sua também!!
=)
Adorei gabis!
Postar um comentário