sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Agradecimento.

Suas mãos tremiam enquanto tentava terminar a maquiagem. O espelho quebrado lhe dava uma boa perspectiva de como estava sua vida, de como estava seu dia, de como estavam seus sentimentos.

Tudo em cacos.

Não deixava o otimismo fugir-lhe, porém. E mantinha aquele sorriso sem graça pendurado entre as orelhas, como de costume.

Ouvia as pessoas chegando, ocupando as cadeiras, o barulho aumentava gradualmente, assim como sua ansiedade.

Talvez a ansiedade aumentasse o barulho, aumentava o suor nas mãos, aumentava a dor de estômago, aumentava o sorriso sem graça.

Enquanto bebia um gole de água, que preenchia seu estômago de gelo, pra equilibrar o frio que já estava lá, repassava tudo em sua mente, tentando concentrar-se.

Andou pouco mais de vinte passos, enquanto arrumava a gravata, a flor na lapela, os punhos da camisa.

Posicionou-se atrás da imensidão vermelha daquelas cortinas, esperando que o vermelho se dissipasse.

Aqueles segundos se estenderam por anos, ele sentia suas rugas acentuando-se por detrás da maquiagem, sentia a vista cansada, a coluna se curvando.

As cortinas se moveram, lentamente, ele viu os primeiros anônimos sem rosto nas primeiras fileiras.

Ouviu os aplausos. Assustavam como tambores marciais.
Disse a primeira palavra que deveria dizer.

- Obrigado!

2 comentários:

luuu disse...

Era disso q eu falava. Simples, porém facinante!!

Novamente escolhi bem o novo autor.

=]

Parabéns e seja bem vindo.
A casa é sua também!!

Sah disse...

=)
Adorei gabis!