sábado, 28 de fevereiro de 2009

..Em dúvida sobre o título..



O que fazer? ou será não fazer? As palavras foram escolhidas com cautela, mas ainda assim me confundem, não sei o que dizer, nem sei o que pensar, será melhor nada ser? Mas então seria o fim, o nada não me traz o que eu quero, a dúvida reina em minha cabeça e meu corpo endurece não sabendo que movimento fazer, o que devo ser?
Talvez eu não deva me preocupar, mas como não? se é o que me faz feliz! como agir de forma não artificial?
Quando o ser humano perde sua espontaneidade e começa a calcular e pensar no que é melhor para se fazer, perde a vida, se o dilema for o que dará mais retorno, o que o fará mais feliz, e não se sabe o que é, então tudo se confunde não chegando a uma solução e me deixando sem saber o que fazer.

Que saudade da minha espontaneidade! / das coisas não perfeitas!

.espontâneo.
..a facilidade com que alguma coisa se produz
..

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Derrota

O Zé era assim. Grandão, cabeçudo, desengonçado e dentuço. Como se não bastasse, alguma coisa aconteceu em sua vida que o deixou gago, ninguem sabia exatamente o que, e ele não se dava ao trabalho de contar. A sorte simplesmente deixa de sorrir para alguns.

E o que podia ele fazer? Nada! Zé sorria bastante, tentava contar piadas que matavam os outros de rir quase sempre, não pela piada em si, mas pela tremenda dificuldade com a qual ele batalhava com as palavras que saíam de sua boca, como se elas não quisessem sair de forma alguma.

Ninguém sabia se Zé era feliz, ninguém se importava, pra falar bem a verdade. Zé era um mascote, como um rato de estimação: todo mundo sabe que é estranho, mas todo mundo adora.

Um dia, Zé desistiu de sorrir, desistiu de contar piadas. De uma hora para a outra, ele não estava mais satisfeito com a posição de mascote. Pegou seu carro com o objetivo de atirar-se do viaduto.

Ligou o carro, não se despediu de ninguém, não afivelou o cinto de segurança. Mas o destino de Zé não era daqueles que permitia um mascote se suicidar. Não é da natureza dos mascotes. O pneu estourou na entrada do viaduto, o carro perdeu velocidade até parar. E o que podia ele fazer? Nada! Sorriu de novo, e ligou para alguém buscá-lo.

Zé aceitou a derrota, então. A derrota da vida inteira.
Afinal, contra o destino dos mascotes é difícil ganhar. O máximo que se pode fazer é ser derrotado com estilo.


verdadeinventadaminha

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A pequena estrela...

Triste e cintilante no céu..
a pequena estrela via a terra.
Queria conhecer esse lugar azul,
caiu rapidamente e coloriu o céu.

Chegou e encontrou um dragão,
ela chorou de medo e foi pisoteada.
Conheceu uma menina linda e simpática,
mas ela tentou quebrar a estrelinha para vende-la.

Já triste, a estrela não confiava em ninguém..
queria voltar para o céu de onde veio.
Mas no meio do caminho se sentiu fraca e dormiu,
choveu aquela noite, e a estrelinha quase apagou.

Um menino que passava pelo caminho a acolheu..
limpou e cuidou da pequena estrela, e ela sorriu.
Voltou para o céu com a coisa mais bela que conseguia carregar,
o amor de um jovem menino que a fez voar.


just..enjoy.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Em uma Cabana...

Olhou o retrato de quem não iria voltar. Só a lareira e seu cachorro acompanhavam os móveis . Não era tarde, nem cedo. Apenas não olhara no relógio para não indagar o tempo. Apenas sua água apitava na chaleira chumbo que ficava entre as panelas da cozinha, jogada. Retirou o objeto do fogo e o apagou. Virou o conteúdo em um copo e esperou até o cheiro de flores silvestres colorirem o ar.
Colocou açúcar. Pegou biscoitos. Sentou em frente ao fogo e admirou sua lareira. Era de pedra. Simples porém quente. Era a única parte da casa de pedra. O resto era de madeira. Em sua cadeira de balanço acariciava seu cachorro. Sua cor mel e a coleira vermelha davam um tom conhecido no animal. Parecia um filme... um sonho.
Levantou e ligou o rádio baixo. Ouvia um pouco de jazz e bossa. Seu chá se esfriava rapidamente. Voltou a sentar e cobriu as pernas. Seu fiel companheiro colocou sua cabeça grande em suas pernas e dormiu. Um cenário lindo para um inverno rigoroso. O que mais precisaria da vida, se já achou uma porta para a felicidade? Mas queria mais. Muito mais. Mas não naquela noite.

just..enjoy.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Agradecimento.

Suas mãos tremiam enquanto tentava terminar a maquiagem. O espelho quebrado lhe dava uma boa perspectiva de como estava sua vida, de como estava seu dia, de como estavam seus sentimentos.

Tudo em cacos.

Não deixava o otimismo fugir-lhe, porém. E mantinha aquele sorriso sem graça pendurado entre as orelhas, como de costume.

Ouvia as pessoas chegando, ocupando as cadeiras, o barulho aumentava gradualmente, assim como sua ansiedade.

Talvez a ansiedade aumentasse o barulho, aumentava o suor nas mãos, aumentava a dor de estômago, aumentava o sorriso sem graça.

Enquanto bebia um gole de água, que preenchia seu estômago de gelo, pra equilibrar o frio que já estava lá, repassava tudo em sua mente, tentando concentrar-se.

Andou pouco mais de vinte passos, enquanto arrumava a gravata, a flor na lapela, os punhos da camisa.

Posicionou-se atrás da imensidão vermelha daquelas cortinas, esperando que o vermelho se dissipasse.

Aqueles segundos se estenderam por anos, ele sentia suas rugas acentuando-se por detrás da maquiagem, sentia a vista cansada, a coluna se curvando.

As cortinas se moveram, lentamente, ele viu os primeiros anônimos sem rosto nas primeiras fileiras.

Ouviu os aplausos. Assustavam como tambores marciais.
Disse a primeira palavra que deveria dizer.

- Obrigado!

Bem vindo...

Comecei a ler e depois de muito tempo decidi criar um blog. Ficava admirado pela escrita dos outro. Uma pessoa que me incentivou a escrever sem saber foi um amigo de longa data. Passávamos tempos no bar a pensar na vida, discutir sobre nossa existência, política, mulheres... Suas palavras eram simples porém sofisticadas. Tento trazer uma sombra desse estilo comigo. Gostaria de dar as boas vindas a um grande amigo. Bem vindo Gabriel.


just..enjoy.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

!BA..gUn/Ç a+

Forma vazia dentro do peito.
Conteúdovolumoso que se expande alémdocoração e toma todas as partículasdesangueesuor do humilde corpohumano, correndopelasveias e atravésdosossos confunde o cérebro, mas o que seria tão poderoso como o amor?
Tão dominador que confundepensamentos e só nos é possível esclarecerasidéias quando a confusão já foi passada, ocorpointeiro se empenha para reorganizar as coisas, antes de tudo arrumado, elevoltadesequilibrando...
Com toda essa algazarra ainda consegue ser almejado, sua bagunçaéboadesentir, sua maneira de chegar e dominarocorpo é maravilhosamente tentadora.
É a inocênciaconfusa que sobrou de quando éramos crianças, aquela visãodomundo que nos levava a crernoincrível e a duvidar do que esta diante dos nossos olhos, daformapalpável, talvez seja por isso que seja tão bom, nos faz voltar a ter o que perdemosaocrescer.Perdemos muito com os anos, porém imperceptível até que se reflita sobre isso. Entendo pelos meuspensamentos, que podem estar confusosedesorganizados com risco de não se basearem em algo racional, que esta bagunça é o amor. É algo com o que nascemos e procuramos depois de nos vermos apenas como pessoas perdidas.

...Apenas pessoas perdidas...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Senador...

-Sabia que ia te encontrar aqui.
-Foi onde tudo começou, não foi?
-Sim. Foi aqui que...
-Não me lembre de coisas passadas. Ele está lá em cima!
-Eu sei.
-Daqui a alguns minutos ele estará aqui em baixo.
-Isso, entregue ele. Todos entenderão você.
-Estava pensando em outra coisa.

Ele é rápido. Porém eu sou escorregadio. Ele está muito longe para acertar com a minha arma. Isso também chamaria a atenção de todos na área. Tenho que pegá-lo rápido. Corto caminho. Entro em uma viela e corro muito rápido. Estou cansado, mas motivado. Acho que se não tivesse todo esse equipamento eu correria mais. Por quê o velho sempre me fode?
Saio em uma bifurcação. Não sei para onde ele foi. A policia se aproxima, tenho apenas poucos minutos para terminar o trabalho. Procuro no chão alguma pista, sujeira, vestígio que ele tenha passado por aqui. Uma garoa bem fina começa a cair. Agora tenho três inimigos, a policia que quer me prender, o tempo que tenho de diferença dele e a chuva, que pode apagar qualquer rastro.
Tempo esgotado. Pulo dentro de uma caçamba de entulho. Me escondo entre pedras e papelão. O carro da policia para perto do lugar. Vejo na escuridão da noite, luzes vermelhas e azuis. Não sei o que está acontecendo. Espero que não demorem muito. Preciso dormir, e muito. Acho que depois desse vagabundo, vou tirar uns dias de férias. Dois seria ideal. Sábado e Domingo. Dormir o dia inteiro, isso sim.O carro se afasta. Saio da sujeira. Não adianta procurar ninguém agora.
A noite passa como um estalar de dedos. Meu péssimo sono me torna uma pessoa irritada. Procuro ser gentil no trabalho, mas nunca serei a mesma pessoa. Ao vestir a roupa negra, tenho um poder, tenho algo que me torna diferente do que vejo na cidade. Diferente de tudo e de todos. Posso ajudar as pessoas. Posso ser quem todos querem.
Um senador de nome Rodrigo é acusado de molestar de crianças. Velho sujo. Pena que pro azar dele, ele fará uma palestra sobre direitos humanos em São Paulo hoje. Irei pedir um autógrafo para ele. Celebridades tem que ser tratadas como tais.
Pensei que era mais difícil entrar no prédio da convenção. O único problema é saber como achá-lo. Quando não se sabe de algo, podemos perguntar para quem sempre sabe de tudo. Os jornalistas. Com a desculpa de que sou de uma renomada faculdade, consigo que me digam onde ele irá se hospedar. Me dirijo ao hotel.
Entro com um buquê de flores. Passo pelos seguranças e me dirijo ao andar do senador. Passo em frente a sua porta e desço mais um lance de escadas. A camareira está no andar. Corro até ela:
-Oi. Você poderia me fazer um favor?
-Sim, senhor.
-Minha noiva acabou de sair do quarto e levou a chave. Como a gente brigou hoje de manhã, sai do serviço e comprei umas flores para fazer a surpresa. Mas não tenho a chave, você poderia abrir para mim?
-Desculpe senhor, mas não posso.
-Por favor, você não gostaria de uma surpresa dessas?
-Claro senhor, mas...
-Então. Vamos, eu te dou um "café"!
-Senhor, não posso...
-Cinquenta está bom?
Como tudo se compra com dinheiro, tenho a porta aberta por uma camareira. O safado chega e sobe direto para o quarto. Me visto e preparo para o combate. Vou até a sacada. Está garoando. Mais um problema na noite. Subo no para-peito e com um pulo me agarro a grade do andar de baixo. Subo silenciosamente. Escuto os comentários dos seguranças.
Ele entra. Reclama do ar condicionado. Pega algo para beber e vai tomar um banho. Ele diz que terá uma visita hoje. Deve ser uma vadia. Ao entrar no banho, dou dois minutos e entro no quarto. Uma sala pequena com um bar, uma cama e um guarda roupas compõem o cenário simples porém caro. A mesa vagabunda deve custar mais de cinco mil reais.
Fico no canto. Espero ele sair do banho. A toalha na cintura deixa sua barriga gorda evidente. Sua barba grisalha da a entender que é velho, mas nem tanto. Ele atende o celular e pede para alguém subir. Tenho poucos segundos novamente.
-Boa Noite.
-Quem é você?
-Um fã!
-Você é o justiceiro!
-Não, normalmente sou a chapeuzinho vermelho, mas a minha outra roupa está suja, então peguei a do batman mesmo.
-O que quer?
-Um autógrafo!
-Bem... se é isso que você quer eu te dou com o maior prazer. Sabe, queria conhecer mesmo o tal justiceiro de São Paulo. Você está virando uma figura muito conhecida. Mas por que não matou a policial? Ela é gostosa!
-Estava com preguiça.
-Você está comendo ela, não?
Que conversa fiada. Estou perdendo tempo com tudo isso.
-Quer caneta?
-Ah.. eu tenho. Coloco como? Justiceiro?
-Pode ser.
Tiro uma lâmina da roupa.
-Sua caneta é muito fraca, escreva com a minha.
Eu desfiro um único golpe em sua garganta. Ele cambaleia mas consigo empurrá-lo para a cadeira.
-Isso, agora está bom. Aproveite e dedique a todas as crianças que você comeu, velho filho da puta! Vá para o inferno.
Ele tenta uma reação. Mas entra em choque. O corte é grande e o sangue jorra como se fosse uma inundação. Essa é a minha deixa. Abro a porta e faço o mesmo trajeto para o quarto de baixo. Tenho poucos segundos agora. Tiro o máximo que consigo. Fico apenas com a calça, as luvas e a bota. Escuto um grito feminino.
Corro pelas escadas. Tenho pouco tempo para sair sem ser notado. Três andares abaixo vou pelo corredor principal. Não tem outra saída a não ser a principal. Fico indeciso. O que fazer? Penso, penso e tenho uma idéia. Quebro e aperto o botão de emergência. As sirenes tocam. As pessoas saem dos quartos. Com o isqueiro, provoco a abertura dos sprincles.
Me misturo com os hóspedes. Ando até a saída, onde bombeiros e policiais estão a atender as vítimas. Liberdade. Doce e bela liberdade. Caminho até o metro. A chuva aperta e me molha mais. Agora sim, o disfarce perfeito. Policiais passam por mim e nem me olham. Agora sim, só me falta o maníaco para eu ser totalmente feliz.


just..enjoy.