terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um inocente...

Ele corria com a faca na mão. E eu, atrás dele como se fosse um leão. Um caçador atrás da caça. Ele sobe as escadas caindo. Eu pulo degraus rapidamente. Ele se esconde em um dos quartos sombrios pela noite. Eu paro no corredor e fico a observar. Tudo está caldo e imóvel. Móveis antigos ainda decoram o lugar, mas são poucos. Alguns grafites e pichações colorem a parede de um lugar que um dia foi chamado de prédio.
Ele me surpreende. Corre rapidamente pela escada abaixo. Eu que estava longe das escada, andando devagar sou obrigado a continuar a perseguição. Dou um pulo e com o pé direito o impulso no para-peito da escada. Caio e começo a correr. Eles está cansando, e eu apenas começando. Com um leve toque no meu cinto, pego uma pequena lâmina que arremesso contra as costas dele. "Na mosca"!
Ele cai e rola pelas escada. Em um último suspiro tenta descer mais um lance. Ele consegui ficar de pé, mas cai novamente e rola as escadas. Como se fosse um filme, no último degrau ele toma um impulso maior e seu corpo é jogado contra a janela de vidro, que se espatifa e vê seu agressor cair de uma altura de 5andares até se encontrar com o chão.
Observo seu corpo pela janela. Ele não largou a faca. A arma do crime. Deveria ser o medo. Só pode ser isso. Sua cabeça estourada diz que ele está morto. Mas a dúvida do por quê as pessoas fazem esse tipo de coisa me persegue. Como alguém consegue matar pessoas inocentes? É uma pergunta que não vai ser ele que me responderá.
Minha casa estava vazia. E eu mais uma vez atrasado para o trabalho. Corro e arrumo minhas coisas. Sem a faculdade, tenho um tempo maior para me concentrar nos bandidos da cidade. Estou cansado. Dolorido. Mas nunca derrotado ou desmotivado. Não posso deixar que pessoas inocentes sejam mortas, como aquele rapaz foi.
Ao passar por uma banca na Paulista, vejo um jornal com um corpo. Volto e paro para ler. A manchete me deixa atordoado. "Inocente é morto por justiceiro". Como assim... inocente? Não posso acreditar no que leio. Compro o jornal e leio a matéria da página 2:
"Na noite anterior, o justiceiro fez mais uma vítima em seu legado de mortes na cidade. Mas dessa vez foi um homem de 37 anos, casado, com 2 filhos. O mais estranho é que o homem estava com uma faca suja de sangue. Mas o Sargento da Polícia Militar, Enrique Camuto esclarece o caso para nosso jornal. "O homem tinha acabado de ligar para a polícia quando ao entrar em sua casa percebeu que ela tinha sido arrombada. Ele relata que a mulher tinha sido esfaqueada e socorre-a. Mas em um momento da ligação, ele diz que há alguém na casa. Ao fundo da gravação podemos perceber vozes que gritam enquanto eles brigam. O homem pega o telefone e diz que o assaltante correu com a arma do crime e que ele iria atrás. Não conseguimos segurá-lo na linha". Como podemos ver, o justiceiro atacou um inocente, e agora duas crianças são órfãos. Até onde essa chacina vai parar? Como podemos detê-lo? Especialistas dizem que..."
Não posso acreditar. Começo a passar mal. A culpa cai em mim. Como não pude desconfiar daquilo? Não pode ser. Deve ser algum tipo de mentira inventada pela mídia. Mas ao chegar na padaria, o jornal conta a mesma história. Ligo para o trabalho e digo que não irei, pois estou indo ao médico, não me sinto muito bem. Mentira seria se não fosse verdade. Estou mal.
Passo na casa do velho e converso com ele sobre isso.
-Alguém tinha que morrer, não?
-Eu falhei.
-Claro. Você atacou o primeiro que viu na rua.
-Não foi isso... Ele estava cheio de sangue, com uma faca na mão. Eu pensei que...
-Pensou que? Ele era um assassino perigoso, certo?
-É.
-Todos pensariam.
-É... Todos pensariam.
-Mas ninguém mataria ele por pensar.
-Mas eu estou fazendo o bem para as pessoas. Já tirei vários vagabundos da rua. Errar é humano.
-Não na sua profissão!
-Sabe... Em guerras inocentes morrem. Não tenho culpa disso.
-Tem sim, pois foi você que puxou o gatilho.
-Eu salvei aquelas pessoas. Mais poderiam estar mortas ou sofrendo. Eu acabei com isso. Uma morte vale, por 100 vidas.
-Você acha?
-Acho!
O velho fica surpreso e continua a fazer suas tarefas. O velho rádio de pilha da a notícia que o governador está estudando propostas para acabar com o vigilante. Mas não presto atenção em nada.
Nas ruas, sento o frio. Sinto o medo. O vazio. No velho ponto onde tudo começou fumo um cigarro. Estou cansado. Com fome. Dou a ultima olhada no centro, só para ter certeza. Encontro a policial fazendo ronda com um parceiro. Ao chegar, ele saca a arma. Eu já tenho a minha apontada para a sua cabeça. Ela faz um sinal e ele abaixa a arma.
-Procurando alguém para matar?
-Por quê? Está interessada na vaga?
-Como você está?
-Com uma dor nas costas, e você?
-Pare de ser maluco, você matou um inocente e está bem?
-Como sabe que ele é inocente?
-A investigação final concluiu isso. Você sabe que querem te prender por isso, não é?
-Vocês policiais querem prender todo mundo também!
-E vocês justiceiros querem matar.
-Só mato quem merece.
-O incente merecia?
-Talvez você mereça.
-Você está se tornando incontrolável!


just..enjoy.

3 comentários:

Sah disse...

lu o enjoy vai andar meio desconfigurado por enquanto, pq to mexendo ok?
=)

Sah disse...

agora fudeu nessa história hein!!!

luuu disse...

ahuahahhahuahuahuha
fique a vontade.. a casa é sua tbm!!
=]

Meu.. realmente essa história tem um sentido muito bom!!
Claro que estou enrolando pra contá-lo.. mas estou dando pista..