domingo, 28 de dezembro de 2008

Duas histórias e uma verdade...

Victor começou vendendo maconha na escola. Não por que queria ser um traficante, mas todos vinham fumar da dele. Um dia se cansou e começou a vender. Passou de erva pra pó, assim como seus clientes passaram de uma paranga para 1kg. Pedra não era a preferência dele, mas alguns clientes pagavam bem por ela. De drogas para armas foi um pulo. O garoto enriqueceu do dia para a noite.
Ela era prateada. Tinha mais um carregador. Eduardo comprou mais balas, não tinha certeza de quantas iria usar. Ele engatinhou e mirou.
-Calma amigo, não queremos vizinhos curiosos por barulhos né!
A casa de Victor ficava perto da de Eduardo. Eles eram amigos desde pequenos. O rumo que o garoto tomou foi diferente da de Edu. Mas em um ponto da vida, elas se encontraram. O garoto podia oferecer tudo que ele queria. Mas o desejo de morte e sangue era o único pensamento do garoto.
-Quanto te devo?
-5mil.
-Caralho, que porra cara.
-Na verdade não é esse o preço. Espero que você desista dessa loucura. Você é melhor que isso.
-Melhor que o que Victor?
-Eu sei que você vai matar alguém hoje. Não precisa me tratar como um idiota.
-5mil né?
-Não... Pode levar. Eu não posso te ajudar matando, mas posso pelo menos te dar a ferramenta certa.
-Vai me dar uma metralhadora? Diz Eduardo rindo.
O garoto sai da casa e parte para o encontro com Pedro. Ele não se da conta, mas o ponteiro chega a marcar 150km/h na marginal. O anseio por justiça e respostas cresce cada vez que ele chega perto do lugar do encontro. Sua mão treme. Ele acende um cigarro.
O lugar era bonito. Um prédio de classe alta, tão alta quanto sua altura. Ele deixa o carro na porta. Coloca a arma na cintura, na parte de trás das costas e coloca uma blusa. O elevador era espelhado. Tinha uma poltrona e música de fundo. A cobertura pareceu mais distante do que ela realmente era.
A porta do elevador se abre e revela uma sala com a lareira acesa. A TV, ligada, passava um campeonato de sinuca. Então Pedro aparece. Fumando um charuto e bebendo algo.
-Charuto e 45 anos?
-Claro.
-Diga meu amigo, por que queria me ver?
Pedro prepara o 45anos. Pega um copo, coloca duas pedras de gelo e ao olhar pelo vidro vê o garoto empunhando uma 9mm para a suas costas.
-Resolveu comprar uma arma?
-Foi você, não foi?
-Eu o que?
-Que a matou! Grita Eduardo.
-E por que eu faria isso? O que eu ganho com ela morta?
-Você matou aquele homem.
-Ele atirou em mim. Mereceu morrer. Mas, será que eu mereço?
Eduardo engatinha a arma. Mira um pouco mais para cima, para a cabeça de Pedro.
-Depois que te conheci, a minha vida ficou uma merda.
-Oras seu mal agradecido, a sua vida era uma merda antes de me conhecer! Você transava com vagabundas e se embebedava, a custo de que? De ser rebelde? Não me faça rir. Qual foi a pedra que eu coloquei na sua vida seu filha da puta? Qual? Estou tentando te ajudar e você me fala isso? Cretino maldito!
Os olhos do garoto se enchem de lágrimas. Ele solta a arma e cai aos prantos no chão. Como poderia fazer isso a alguém que o ajudou tanto? Ele se sente revoltado com si mesmo. Pedro chega perto dele, senta-se no chão e coloca a mão na cabeça do garoto.
-Quer saber quem a matou? Investigaremos. Já estou fazendo isso, mas te direi tudo que quiser, assim você pode fazer o que quiser quando achá-lo.
-Obrigado.
-De nada, Amigo.
Eduardo da um suspiro e recolhe a arma. Guarda-a e vai até o elevador.
-Ainda tenho que fazer uma coisa. Uma que não posso deixar para amanhã.
Ele liga seu carro e se dirige até o Club. A entrada estava cheia. Uma fila que poderia ser traduzida como um dos melhores Clubs da cidade. Ele liga para seu amigo. E ganha um Vip que ninguém poderia conseguir. O segurança o acompanha até a sala do italiano. A vagabunda estava mais gostosa hoje, mas não era pra isso que ele tinha vindo.
-Posso te revistar?
-Prefiro ela. Apontando para a garota.
-Pode deixar, eu faço isso.
Ela passa a mão no corpo do garoto e encontra a arma.
-Tá aqui, essa e a única que pode causar algum problema. Pode pegar na saída.
-É que você não sentiu a outra.
-É... verdade... não senti!
O italiano entra pela porta.
-Diga meu filho, algo que eu posso fazer?
-Claro, dizer se a matou ou não!
-Não.
-Não faça teatro ou joguinhos comigo.
-Ok, não a matei. Nem eu ou nenhum de meus homens. Não sei quem a matou.
-Você disse algo sobre amigos para mim.
-Você tem péssimos amigos. Russos não são bem vistos.
-E italianos são?
-Esse seu amigo, trabalha pra um homem que não é bem visto na União Européia. Ele é acusado de inúmeras mortes, tráfico de armas, drogas e qulquer outra coisa que caminhe ou rasteje na face da Terra. Por que ele seria diferente?
-O que você quer dizer?
-Quando eu era mais jovem, ouvi falar da história de um homem que matou a família de uma empregada, por que ela queria passar mais tempo em casa e por isso queria sair do emprego. As aparências enganam Eduardo.
-Não sei o que eu faço.
-Pegue sua arma e vá para casa dormir. Mandarei dois homens meus irem com você. Você está péssimo. Precisa dormir um pouco.
-Não precisa.
-Não confia em mim né? Tudo bem, ela vai com você.
-A vagabunda? Não, obrigado. Se algo acontecesse, eu teria que ajuda-la a não quebrar a unha.
-Você é engraçado Eduardo, mas ela sabe se defender, não é meu anjo?
-Sim.
-Vá com ele, e cuide para que ele sobreviva até amanhã.
-Até parece que estão querendo me matar.
-Mas estão...


just..enjoy.

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