Perdi as contas das vezes que escutei essa palavra quando ia para a faculdade. Perdi as contas dos inúmeros motivos pelos quais as pessoas matam, umas as outra, seja no trânsito, em casa, na rua, na balada... A ciência humana é muito complexa. Acho que foi esse o motivo de faltar nas aulas que tratava especificamente disso.
Sou o que sou por escolhas, por decisões próprias. Nasci igual a todas as pessoas. Uma boa famílias. Não em berço de ouro, mas tive o que precisava pra viver. Tive comida, roupas limpas, pais amorosos e estudo. Creio que por isso odeio tanto o mundo. Na verdade não o mundo, mas algumas coisas. Quer saber quais? É só olhar para o lado.
Como faz frio. Sei disso por causa das pessoas que circulam na rua. Mas não sinto nada. Estou extasiado de sentimentos e minha cabeça... Bem... Ela está onde deveria estar. Perto do meu pescoço. Precisava de um café. Não, um chocolate quente, isso que preciso. Chocolate e um bom cobertor. Isso sim seria uma boa idéia. Mas não estava falando de mim.
Na verdade estava. Cresci muito rápido em tão pouco tempo. Minha idade não é importante, mas sim quem admirava. Sempre assisti filmes "Hollywoodianos" onde os malvados são pegos pelos bonzinhos. Alguns morrem e outros são mortos, mas a justiça sempre prevalece. Leio histórias em quadrinhos. Sei do que heróis são feitos.
Comecei vendo meu vizinho ser espancado por uns garotos na escola. Tive muito medo de apanhar. Mas o vi sofrer, e seu rosto não sai da minha mente. Apanhei umas 3 vezes na escola. Não me lembro o motivo, mas tive medo. Já vi vários assaltos na minha frente e sempre tive medo. Mas um dia... essa palavra começou a sair do meu vocabulário.
Fiz artes marciais por 10 anos. Uma tentativa frustrada de não engordar. Coitada da minha mãe que me levava aos gritos e prantos até a academia. Mas o garoto cresce e vira moço, homem e decide fazer o que tem que fazer. Meu fascínio por espadas era incrível... coisa boba não? É... mas assim que começa.
Chorei em lápides de parentes queridos levados pelo tempo. Chorei em lápides de amigos levados pelo dia-a-dia, pela vida marginalizada de nossas cidades. Chorei por amigos, irmãos e irmãs. Então. Mudei da lâmina para a pólvora. Fiz o que eu não deveria fazer. Comprei uma arma de alguém que conhecia alguém que me apresentou a alguém.
Saia com receio de ser parado pela polícia. Mas em uma noite muito parecida com essa. Um grito desatou os nós de quem estava amarrado. Um garoto estava sendo assaltado. Batiam com um pedaço de madeira em seu rosto. Pediam dinheiro. Pediam coisas que ele não tinha. E não viram o óbvio. Ele estava com medo.
Colocaram uma arma em sua cabeça e atiraram. Riram. E atiraram novamente. Pra que tanto horror? Não sei... Uma semana depois. Estava voltando de um happy hour. O metrô estava vazio. Bem, não tão vazio. Um rapaz saia pela estação Brás. Alguém muito parecido com o homem que matou outro homem por causa de papel.
O segui. Coisa que nunca fiz antes mas já vi em filmes aclamados. Ele entra em um beco e acende um cigarro. Um outro homem se aproxima. Pela ironia da vida, os bandidos se encontram para a última tragada juntos. Começo a tremer. Meu corpo avisa que não quer fazer o que meu cérebro sabe o que tem a ser feito. O menino que morreu foi pra estatística e eles... Vão para o inferno.
Chego e pergunto se eles tem "algum" para vender. Gíria que mostra que você é das ruas. Eu acho que é um jeito chulo de pedir drogas. Eles dizem que não e eu pergunto de cigarros. Uma caixa vermelha é aberta e pego um comprido. Então me perco em revolta. Tremo mais ainda e tiro a arma da bolsa:
-Ei cara, o que é isso?
-Justiça.
Dou três tiros no dono do cigarro. O que olhava e sorria enquanto seu amigo batia e matava o pobre rapaz.
-Por favor, tenha piedade.
-Você teve do rapaz?
-Que rapaz?
-Devem ser tantos... que você nem lembra, certo?
-Desculpe, eu perdi o controle. Não queria fazer aquilo. Pelo amor de Deus. Não!
-Eu sei disso, Você o matou por papel. Mas já que falou de Deus... Mande um abraço para ele.
Paro de tremer. Acabou. Pego o maço do chão. Acendo o cigarro e pego o metrô para casa. O que eu fiz? Como pude? Como tive coragem? Sou um monstro. Mas estranhamente, não sinto nada por isso.
Se não tivesse tomado a decisão certa aquela noite... não estaria aqui. Vendo carros e pessoas passarem. A brisa bate mas não sinto nada. O tempo passa e não escuto o barulho dos ponteiros. Apenas gritos ecoam em minha mente cansada de ser normal. A flor brota, mesmo nos terrenos com lixo. E essa cidade virou um lixo, e faço parte dela.
Entendo o por que de sempre achar que era diferente. Sou a pessoa normal, que a humanidade tornou o que é. Sou o último suspiro de alguém prestes a morrer. Sou a ajuda. Sou a luz na noite. Sou o caçador de demônios sozinho na escuridão. Sou a tristeza do teatro grego. Sou a máscara que ninguém sustenta. Sou o projétil que gentilmente chamamos de "bala".
Não me orgulho de estar em cima de um prédio. Observando pessoas para lá e para cá. Com uma arma e sangue nas mãos virei "sujeito homem". Mas mais do que isso. Virei a esperança de alguém que clama por ajuda. Pode me chamar de vários nomes, mas sou um mensageiro. E estou aqui para tornar o inferno pior, mandando todos os trastes para lá. E no final. Como toda boa tragédia grega... me juntarei a eles. Mas isso... levará um pouco de tempo. Espero eu. Pois há muito trabalho a ser feito.
just..enjoy.
7 comentários:
Isso tá muito realista, você me assustou, mas admito que foi um dos seus melhores textos.
eu não consigo postar nada no espaço de músicas do blog, será que só você pode?
UHHAHHAHAHUHAUHAUHAHHA
é q eu matei um cara...e resolvi postar a história aqui!! Por isso q estou sumido.. hauhahahha
=]
Resolverei isso...
hahahaha
puts! =/
se matou apaga esse scrap ae pq tem sua confissão!!!!
e confissão não pode!
hahahah
resolve ae!
olha eu acho q vc n matou, mas já deve ter tido vontade
Problema resolvidooo sah....
=]
Agora vc pode fazer as mudanças que quiser!!
Acho q todos já tivemos vontade de matar alguém... seja por uma besteirinha ou por algo grave.
Essa história mostra isso... mas terá uma continuação e irei trabalhar um tema de Herói mesmo...e como escolhas errada e escolhas que achamos ser certas podem nos levar a caminhos opostos a qual ansiamos.
Sera profundo esse tema, não apenas superficial.
=D
legal, um cara com faz as coisas com boa intenção, mas nem sempre isso basta para se fazer coisas certas n é?
acho mto fmz isso, gostaria de ler um herói realista, com defeitos, mas uma pessoa boa
=D
em breve postarei musicas
=D
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