sábado, 18 de abril de 2009

Sangue...

Não fazia idéia que eu já estava assim. Maldito golpe de bala rasteira. Aquelas que te dão um empurrão e você acaba no chão. Já tomei vários dessas. Mas minhas histórias estão ficando mais pesadas do que as iniciais. Queria fazer o bem, mas será que estou fazendo? Que pergunta idiota.
Faz um calor insuportável na cidade. A chuva que veio passou como um raio. As ruas secaram como a caatinga no sertão. Me abriguei para fumar um cigarro. Assisti uma criancinha brincar com brinquedos, e ver sua inocência em seus olhos. Meio sem jeito, sai do local querendo observar sua pureza mais. Pureza que defendo.
A casa do velho armeiro estava empoeirada aquela noite. Conversamos e ele me ofereceu um chá, coisas de velho.
-Tem cerveja?
-Claro.
O rádio estava calmo aquela noite. Queria tirar um cochilo, mas algo me alertou. O rádio dizia que um roubo a uma casa lotérica tinha levado a perseguição até uma casa, onde três pessoas eram reféns de dois sequestradores. Como não podia fazer nada, pois muita polícia indicava muitos problemas, continuei com a minha cerveja, mas aquilo me irritou.
-Onde você vai?
-Pegar alguns idiotas.
Tiros já tinham sido disparados quando cheguei. O GATE não estava no local, uma outra ocorrência, uma bomba no shopping, mobilizou o esquadrão inteiro. Aproveitei e subi nos telhados. Mas era obvio que eles iriam ver.
O capitão tentava fazer um plano, mas era impossível. Haveria sangue. Muito sangue naquela noite.
-Ei, Capitão.
Ele me olhou com uma cara de espanto. Tentou sacar a arma mas não conseguiu, sua mão tremia. Creio que ele rezou para os santos, sei lá quem ele venera. Sua voz gaguejante fazia um som estranho.
-Ele está na mira capitão.
Odeio policiais que assistem esses filminhos, e pensam que são os bonzões.
-Abaixe essa arma coxinha. Se eu quisesse matar alguém, já tinha feito.
-O que quer então? Pergunta o capitão.
-Sinto cheiro de sangue. Se o guarda não abaixar a arma, será o dele, mas quero que seja de outros homens.
-Como assim?
-Facilite a minha entrada. Eu cuido do resto.
Dou a ultima tragada. Jogo o cigarro fora. Observo a polícia agir. Os dois aparecem na janela. A imprensa se focaliza no lugar certo e eu pulo. Caio na casa vizinha. Maldito pulo errado. Rolo até o beiral e quase caio. Me seguro. Faço força. Me equilibro e entro pela sacada dos fundos. A janela do quarto está aberta.
Entro e saco a arma. Será simples. Barulhos na escada e gritos. Fico esperando a hora certa. Eles comem, reclamam. Sinto o medo deles. Preciso agir. Um dos safados sobe e leva a mãe e a filha. Uma é trancada no banheiro e a outra é levada até o quarto onde estou.
-O que você vai fazer?
-Cala a boca. Fica aqui e não reclama!
-Cadê a minha mãe?
-Já disse pra se calar!
Ele da um tapa na menina. Filho da Puta. Ela cai e sua jaqueta exibem seus lindos seios. Acho que foi isso que despertou a vontade animal daquele verme.
-Você é gostosinha ein. Deixa eu ver esses peitinhos.
-Não!
-Vem aqui... eu sei que você gosta sua puta!
-Não! Sai!
-Cala a boca se não eu te mato.
Ele passa a mão no corpo dela. Eu passo a mão no meu cinto. Ele aperta os seios dela e ela chora. Tenta lutar mas é impossível. Eu tiro um brinquedo. Eu assisto ela chorar.
-Não, por favor...
Meu Deus, ela nem consegue falar.
-Não é não! Você nunca aprendeu isso?
A lâmina entra em seu pescoço. Eu o puxo para trás e prendo a sua mão. Corto a sua garganta e ele se debate. Sua arma, de brinquedo é inofensiva. Ele sangra até morrer. Vai tarde.
-Você está bem?
Ela está em choque.
-Minha mãe!
-Calma, iremos pegá-la.
Ando com as armas em punho. Procuro o safado. O outro que irá morrer. Guardo uma das armas e abro a porta. As duas choram e eu fecho a porta. Essa é a hora. A adrenalina está a toda. Olho para baixo e não vejo ninguém. Como vou descer? Caralho.. não pensei nisso. Quer saber? Foda-se!
Pulo até o meio da escada e quando coloco o pé, me viro e aponto a arma para alguém. Mas só o refém está na sala. Vasculho a cozinha. Onde está esse filho da puta? é o que me pergunto. Desamarro o homem. E escuto um barulho. Olho para trás. Um tiro é disparado. O barulho é grande.
Caio no chão e vejo sangue. A vítima se joga da cadeira e rola para o outro lado. O sangue escorre da testa. Foi na cabeça! Foi na cabeça! Me desespero... Foi de raspão caralho! Ele atira novamente mas erra. O terceiro atinge meu colete. O quarto também. Tenho forças para desferir apenas um tiro. Certeiro, no quadro acima de sua cabeça. Ele cai e assusta o homem. Sua arma vai ao chão.
Um ultimo suspiro. Desfiro mais dois tiros, um na porta e outro em sua garganta. Na mosca, filho da Puta. Vá para o inferno. Mas confesso que sinto o frio. O sangue. A jovem desce. Sua mãe vai cuidar de seu pai. Capengando tento levantar e vou para o andar de cima. Estou sangrando. Entro no quarto em que invadi a casa. Morrerei ali, ou serei preso.
-Entra aqui.
Ela me empurra para o corredor. Eu entro em um quarto branco. Deve ser o hospital. Depois fica tudo escuro. Ela me trás toalhas e tira a minha máscara. Não consegui controlá-la. Mas o que importa, esse é meu fim.



just..enjoy.

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