quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Família...

Queria deixar registrado logo de começo. Eu não sou tão ruim assim, como dizem por aí!

Família. O que seria isso? Nunca tive uma pra exemplificar. Talvez seja...seja...bem, sei lá. Brincar de bola com alguém depois ir comer. Cuidar dos outros, sei lá! Nunca tive realmente uma. Sempre tive curiosidade de aprender o que é, mas nunca tive saco! Mas acho que...estou prestes a descobrir...que existem famílias e famílas.

Não sei como ela me viu. E muito menos como passou por tantas que estavam me enchendo o saco. Só sei que subiu no balcão e andou até mim. Como não poderia notar uma figura dessa? Era morena. Peitão, bundão, magrinha, regata branca sem detalhe, um chortinho que mostrava suas pernas deliciosas e uma bota de bico fino e cano alto. Caralho, que tesão. Mas senti que ela não estava para brincadeira.
-O senhor poderia me acompanhar?
Um segurança marrudo fala baixo no meu ouvido. Vou te falar que por um minuto pensei que iria ser expulso. Mas lembrei que o dono da casa não era mais Sacomani. Ele era novo. Um playba que deve querer conhecer o maior playba, ou melhor, magnata de Sampa. Seguindo o segurança vejo que muita gente me olha sem entender.
Paro na escada da sala VIP. Ao subir sou revistado. Garçonetes passam com a minha bebida predileta, um 25 anos que reluz igual ouro. A mesa de bilhar no centro da um toque a sala. Que tem muita classe com seu bar ao fundo, e sua parede rerátil de vidro. Caralho, tenho que admitir, o dono tem estilo.E dinheiro.
Acendo um cigarro e vejo muitas vadias, andando de um lado para o outro. Que sofá confortável. No meio de uma tragada escuto a mesma voz de antes:
-Só um minuto senhor, desculpe pelo incomodo.
Eu aceno, mas não entendo nada. A porta se abre, a morena gostosa entra. Uhm, belo nome, morena gostosa. Ela senta-se na minha frente abre um sorriso e a boca ao dizer:
-Olá.
-Eae...tudo certo?
-Hahaha..."Eae"? pensei que você seria mais criativo. Ouvi falar muito bem de você.
-Ouviu sobre minhas habilidades poliglotas ou na cama?
-Ai ai...que conversinha...
-O que? prefere a língua né? hahaha sabia!
-Com quem pensa que está falando? com uma das vagabundas que chupam o seu pau?
-Não, claro que não. Com a futura vagabunda que irá fazer isso.
-Filha da Puta!
-Acertou, sou mesmo. E você?
Meu cigarro acaba. Vejo o olhar de raiva dela. Sabe, ela fica linda nervosa. Uma porta se abre ao lado do bar. Dela, saem dois seguranças e um homem. Aproximadamente 50 anos, cabelos brancos. Me lembra alguém. Ele olha no fundo dos meus olhos. A gostosa levanta-se e me mostra a língua. Bem coisa de criança.
-Boa noite Eduardo. Desculpe o incômodo.
-E quem é você?
-Salvatore.
-Pois bem, o que quer?
-Soube da sua fama. Queria saber se pode me fazer um favor.
-Chame um boy pra fazer isso pra você.
-Sua educação é formidável, mas...prefiro que seja você.
-O que seria?
-Uma coisa simples. Assim, não cansaria sua beleza. No bairro em que você mora, tem um homem chamado Toni. Entregue essa carta pra ele, pode ser?
-E por que você quer isso?
-É que ele é um grande amigo, mas não sei onde mora, você sabe, não?
-Sim, Toni o gordo.
-Isso. Te deverei um favor.
-Favor? E quem vive de favores hoje em dia?
-Hahaha. Sabe Eduardo, você tem razão. Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me ligue. Pegue meu cartão, sim.
-Se eu matar alguém? Posso te ligar?
-Isso não é ilegal no Brasil?
-Claro que é!
Esse estilinho que ele faz, esse sotaque italiano. Começou a me irritar.
-Obrigado Eduardo. Era só isso. Fique a vontade, sua conta e de seus amigos já foram pagas. E qualquer outro gasto também será.
Ao sair ele coloca o chapéu. Seu terno de riscas brancas mostra que ele tem mais que estilo. A gostosa segue com ele. Como se fosse seu cachorrinho. A balada fica melhor ainda. E a ressaca no dia seguinte é inesquecível.
Ás 10 horas da noite crio coragem para ir falar com Rose. E entregar a maldita carta.O que será que tem nela? Dinheiro?. Não. Maconha? Bem, o velho não tem cara disso. Então...o que será? Toni era um barrigudo chato. Italiano legítimo. Tem duas filhas lindas que moram na Itália. Já me chamou pra ir com ele em alguma viagem, mas sempre digo que não. Toco a campainha.
-O senhor Toni, sim.
-Um minuto.
-Olá Du, como vai?
-Bem senhor. Tenho uma carta pra ti.
Ao lê-la, seu sorriso some nitidamente de seu rosto. Um olhar de desespero toma conta de seu rosto. Então pergunta:
-Quem lhe deu essa carta?
-Um homem, chamado Salvatore acho...
-Meu Deus Eduardo. O que ele disse?
-Disse que era seu amigo, mas não sabia onde o senhor morava...
-NÃO! NÃO! Por que você fez isso comigo Eduardo? Por que?
-O que está acontecendo Toni?
-A família...ela está aqui! Meu Deus...Você me matou Eduardo, você me matou!!!


just..enjoy.

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