terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um corte e um porre...

Ele dormiu no sofá. Seu cigarro queimava e as cinzas voavam pela casa como seus sonhos. Não era tão rápido, dava para apreciar o papel e o tabaco queimarem. A fumaça era expelida com uma certa angústia. Deitado, olhando para o teto percebia-se que ele não se encontrava no lugar. Mas vagando em pensamentos.
Na mão, um copo de 25anos tentava o embebedar. Na cabeça, imagens que passavam como filme na sua mente. A bebida tentava, mas seu efeito não era sentido. O sofá confortável dizia o tema de solidão da noite. Provavelmente até a escuridão sabia o que acontecia naquele momento.
A garota olhava para a cara dele. Tentando desvendar seus pensamentos. Seu sofrimento. Seu olhar. Mas era em vão. Nada nem ninguém poderia entender o que se passava. Ou o que viria a acontecer. Justificativas existiam aos montes. Intenções também, mas de boas intenções, o inferno está cheio.
Ele bate o cigarro com desprezo. Da um gole longo. Fecha os olhos para não perceber que bebe. E torna a abaixar o copo. Apenas seu brinquedo está ao seu lado. Mas ele fará a justiça que tanto precisa? Isso só o tempo irá dizer. Pois depois de 4copos Eduardo derruba a bebida no tapete e dorme no sofá.
Os sonhos não existem mais. Eles se misturam com realidade e torna dormir, uma opção muito perto do suicídio. Ele acorda de hora em hora. Tenta levantar-se, mas não consegue. A garota assiste tudo sem saber o que fazer. Em um momento da noite, ele chega a apontar a arma para a cabeça. A menina esboça uma reação. Mas Eduardo coloca a arma no colo e derrama lágrimas pelo coração.
"Como andar pelos vivos pode parecer tão difícil para quem está morto?" É o que pergunta o rapaz sem parar para si mesmo. Ele pensa em todas as formas de encontrar com seu amor. Mas algo ainda deveria ser feito. Ele cria forças para levantar do sofá, caminha até o banheiro, mas cai no caminho. Bate a cabeça na quina da porta e desmaia.
-Acorda!
-Hum...
-Ei acorda logo!
-Minha cabeça dói.
-Não sei se dói por causa da bebida, ou desse corte horrível.
-Corte?
-Você bateu a cabeça ontem. Vem, levante-se. Eu te ajudo. Vamos limpar esse sangue todo.
-Você deveria ter me protegido.
-Estou aqui pra te proteger dos outros, não de si mesmo. Isso só você pode fazer.
Depois de limpar carinhosamente o ferimento, Eduardo concluiu que a garota era mais que aparência. Descobriu uma vocação para enfermagem. Sabia como limpar o ferimento e até deu pontos na testa machucada. "Ela é muito mais que a aparência..." pensou Eduardo.


just..enjoy.

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