Sou procurado por ser um justiceiro. Por matar um homem. Mas sou suspeito, aos olhos da justiça, de mais crimes. Claro que já fiz mais do que dizem. Mas algo me diz que estou chegando no final da linha. Talvez o mundo mude, ou pare. Talvez as pessoas fiquem boas. Talvez não haja injustiças. Talvez não hajam crimes. Mas não esta noite.
Um menino compra uma pedra de crack e fuma com os amigos. Logo, ele vai roubar para comprar mais. Mas no momento certo, e só haverá um, eu apareço.
-Ei pivete.
Ele me olha com uma cara de espanto.
-Quer roubar?
-Polícia! Você está preso!
-Com licença, estou fazendo o meu trabalho.
-Você está preso.
-Por quê está tremendo?
-Não se aproxime!
-São poucos passo, prometo que paro antes de...
-Do que?
-De pegar a sua arma.
Desvio do raio de visão da arma. O tiro é disparado. Tenho apenas alguns segundo para tirar a arma dele. Com um soco eu o derrubo e pego a arma. Ele me joga no chão e começamos a lutar. A rua está molhada e fria. Uma outra voz vem em minha direção. Mas não consegui entender. Logo depois um disparo me acerta nas costas. Meu reflexo e apenas pegar a minha arma.
Tomo outro tiro, agora no peito. Eu miro e revido a agressão antes de cair. Respiro fundo e penso... "Você está de colete, não aconteceu nada! Você está de colete!" Eu procuro me levantar mas levo um soco. Cambaleio e disparo novamente. O tiro pega na porta da viatura. Preciso conter meus nervos. Mas descubro que virei a caça agora.
Corro para uma viela. Apenas um policial me segue. Me viro e vejo o outro sangrando. Tiro na perna. Irá sobreviver. Pulo caixas e muros. Chego a um parque e continuo correndo. Tiros são disparados. Cachorros latem e o único pensamento é... "Corra o mais rápido que a sua perna conseguir!" Mas em um momento tive uma idéia. Me distancio e entro em um bueiro.
O policial passa por mim. Mas para pouco depois. Posso ser descoberto. Pego uma das armas e uma lâmina. Será simples e certeiro. Miro com cuidado. Ele se aproxima do lugar. Penso mais um pouco. Ele está em cima do local. Preparo a lâmina e engatilho a arma. Mas escuto uma conversa:
-Central, tiros disparados. Preciso de reforços, policial ferido.
"-Pegou o justiceiro?"
-Não, ele conseguiu escapar. Mas meu parceiro foi ferido.
"-Volte para a viatura, estamos mandando reforços."
Dias depois paro em uma banca para comprar uma revista e um cigarro. "Como é bom namorar..." Penso ao ver um casal apaixonado ao meu lado. Com o corpo dolorido, sento no banco e reparo um jornal gratuito, que é dado nas ruas, dizendo que um assaltante leva terror para os jovens. Acho que alguém precisa detê-lo.
Minhas noites são somente para achá-lo. Mas nada consigo. Vou ao centro para conversar com uma amiga. Ela está de pé, na porta da viatura. A surpreendo por trás.
-Oi.
-Você? Como tem coragem? Eu devia te prender.
-Devia mais não irá! Cadê aquele seu parceiro viadinho?
-Por que está interessado?
-Quero saber quanto tempo tenho até ter uma arma apontada para mim. Eu preciso de um favor.
-O que?
-Vocês tem alguma informação do assaltante maluco?
-O dos jornais? Está querendo prendê-lo?
-Não. Mata-lo!
-Pare de fazer isso. Não precisa se entregar. Suma. Logo esquecerão de você.
-Desculpe, tenho trabalho. Mas obrigado pela ajuda, seu amiguinho está chegando. Mande lembranças para ele.
-Ele foi visto próximo da 9 de julho. Tome cuidado.
Vou a casa do armeiro para me reabastecer.
-Muito trabalho?
-Só um hoje.
-E é caça ou caçador dessa vez.
-Caçador. Sempre.
-Leve tudo, você pode precisar.
Caminho pelas ruas. Decido mudar meu caminho. Ando pela região da Vila Mariana. A única coisa que sei dele é que ele não tem um dos dedos. E sempre assalta armado, matando ou estuprando suas vítimas depois. Preciso pegar esse cara. Ando, corro, pulo e salto. Até encontrar uma praça tranquila. Estou cansado. Acendo um cigarro e relaxo.
A noite está linda e eu deveria estar gastando meu dinheiro em uma balada. Mas prefiro procurar bandidos e nem sou pago. Subitamente escuro um barulho. Largo o cigarro e me aproximo. O carro da polícia parado informa que o suspeito foi visto na área. Hoje é meu dia de sorte. Calmamente procuro pelas ruas. Ando pelos telhados.
Um carro pula na rua. Ele está porcamente estacionado. Parece que um casal está transando. Mas alguns dos barulhos, ao me aproximar do carro me diz outra coisa. A garota chora e o rapaz manda ela ficar quieta. Me abaixo e bato na lateral direita do carro. O veículo para de se mexer. Bato na lateral direita. Subo no capô e no teto. Ele sabe que estou aqui. "Quem está ai?".
-Seu pior pesadelo.
Eu atiro no vidro e puxo-o para fora. A briga começa e ele rapidamente vence. Me nocauteia. Sinto mais vergonha porque a vítima teve que cuidar de mim. Me levanto e ela aponta o caminho percorrido pelo bandido. Não há tempo a perder. A perseguição começa.
just..enjoy.