domingo, 8 de março de 2009

Pintando a dedo...

Pego o verde e jogo bege. Monto minha própria aquarela. Não sei muito sobre verdades ou mentiras. Tenho certeza das minhas incertezas mais profundas. Cubro com tinta e rabiscos, detalhes de minha vida que deixei para trás. Cubro com o céu e desenho o inferno no dia-a-dia, depende da situação. Quero graça. Quero temor. Quero riso e sabor de quem já fui um dia.
Deitado na parede de meu quarto escuto as lamentações das estrelas. Não que o dia seja mais belo que a noite, mas a pureza me transmite algo incerto. Talvez, no meio de espigas ou do deserto ponho-me em contato com a natureza. Talvez em alguma parte do mundo me ponho a prova da minha pureza.
Não busco respostas ou dinheiro. Dinheiro nos torna gananciosos e sem perguntas, as respostas parecem ser melhor respondidas. Busco no tempo o sentimento da partida. Dizem que ele cura tudo, mas a ferida do soldado é mais clara que a neve, mais dura que o aço, mais funda que o buraco na calçada. Dias, horas, minutos, segundos.
Agora a minha aquarela tem cor, sentimento, seriedade... tempo. Os rabiscos tomam forma. A cor é detalhada. Mas o palhaço não é colorido. Na verdade, é preto e branco. Muitas coisas coloridas com a aquarela são pretas e brancas. Apenas os passos, os andares, as ruas esburacadas, os carros e as motos têm cor. Mas é realmente com o sabor que me surpreendi mais.
Pinto a dedo emoções e cantigas. Pinto portas e borrões. Histórias e palavrões que me tornaram a pessoa que sou hoje. Sem sentido? Caro amigo, se estivesse a ponto de suicídio como eu, isso seria o texto mais belo. Mas digo para você. Pinte a dedo sentimentos e amigos. Não deixe que um pequeno erro ao usar a aquarela, se torne um borrão em sua vida. Paz!

just..enjoy.

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