sexta-feira, 28 de março de 2008

Como um rato encurralado...

"Pedia para o tempo esperar em uma prece em vão ao Divino. Olhava em volta e sabia que sentiria o gosto gélido da espada em seu corpo. Já tinha passado por isso, mas nunca do lado que estava. Era como um rato encurralado por dezenas de gatos selvagens. Seus instintos diziam para ele lutar até o último suspiro. Seu corpo dizia que isso era impossível, e mostrava claramente os sinais do cansaço. A vista começara a ficar embaçada. A respiração mais difícil e a oração mais impossível de ser completada. Olhava para os lado e via o sorriso macabro no rosto de seu carrasco. Seus sentidos de caçador o fizeram levantar e correr por alguns metros até ser interceptado por um outro guerreiro. As guerras eram mais numerosas e difíceis de serem ganhas. Conseguiu pegar um pedaço de lâmina no chão e a enfiara no peito do adversário. O sangue escorria enquanto seus pés o levavam para longe dalí. Estava sendo caçado. Correu com a armadura pesada por um quilômetro mais ou menos até cair. Sentiu o toque da morte. Correu mais um pouco até encontrar seu adversário. Era alto, forte e tinha uma espada. Rapidamente jogou a espada no chão e foi para cima dele com uma faca..."

Era disso que se tratava um guerreiro. Nada de tiros ou explosões. Nada de armas e drogas. Nada de drogas e sexo. Apenas o prazer de ganhar. A honra. A vida. Mas isso era antigamente, ninguém resolve seus problemas com espadas hoje em dia. Resolve-se apenas com dinheiro. É por isso que vou roubar um banco, pensava Eduardo quando era mais novo.
Reuniu todas as informações necessárias mas não descobriu nada. Quem é "A Família"? O que ela faz? De onde vem? O máximo de respostas obtidas, foi sobre a família Soprano. Uma série sobre gangsteres que passava na TV. Seria esse o sinal? Seriam Gangsteres? Se sim, ele corria perigo. E foi disso que ele começou a se perguntar no meio da madrugada.
Seu cigarro estava no fim. Faltava apenas um e eram quase 3horas da manhã. Abriu a garagem e entrou em seu carro. Nenhuma sombra de cigarro ou maço. Dirigiu até um posto 24horas e comprou seu sustento de nicotina. Aproveitou e comprou uma cerveja. Observou o trabalho dos frentistas e por alguns segundos se distraiu.
Ao chegar em casa se deparou com a porta da garagem aberta. "Pensei que tinha fechado a porta". Guarda o carro e aperta o botão da garagem. As luzes se acendem e ele sente um jeito diferente do ar se movimentar. Apaga o cigarro e pega o maço. Interfona para a empregada mas ela não atende. Esquecera que ela foi para a casa da filha. "Quando se precisa dessa vaca, ela não está!"
Sobe na ponta dos pé e ouve um barulho. Pessoas conversando. Dois homens. Ele volta e corre para o carro. Entra e fica escondido no banco de trás. Eduardo pega o telefone e liga para a polícia. "Alô?", "Emergência, pois não?", "Invadiram a minha casa, são dois homens, endereço..." a atendente pede para ele ficar na linha. Dois vultos se aproximam do carro. Conversam entre eles, mas o jovem não entende, eles falam em outra língua.
O barulho da maçaneta de seu carro abrindo diz que o próximo passo é virar para trás e abrir o carro de sua mãe. Cachorros latem e um carro encosta. "Consegue entrar pulando o muro?", "Não, é melhor chamar reforço, deve haver reféns". Um sentimento de alívio toma seu corpo. Mas a adrenalina fala mais alto quando a porta da frente do carro abre e a luz da garagem ilumina o banco do carro...
"Agora sim me fodi!" pensa Eduardo tentando segurar o coração em seu corpo. Mais dois carros chegam e ouve-se barulhos. Os vultos falam algo entre sí. "...polizia". A única coisa que consegue entender dos dois. Os vultos desaparecem. Eduardo fica ali por mais 5, 10minutos. A porta ao seu lado se abre e a luz toma conta do banco traseiro."É a polícia. O senhor está a salvo, pode vir com a gente senhor...".
Sem reação e com um cigarro na boca, Eduardo senta na parte de trás do camburão. A paramédica o examina e joga seu cigarro no chão.
-Era meu último...
-Cigarro faz mal para a saúde.
-Eu tenho um maço no carro...
-Não! Você não pode sair daqui.
-Garoto...tome, pegue um dos meus. Esses médicos não sabem de nada mesmo.
-Obrigado.
-Sabe...você deve ter um grande inimigo. Essa é uma área policiada. Houve um assassinato a alguns dias, a polícia não sai daqui!
-Não tenho inimigos. Mas...quem é o senhor?
-Edgar Almeida, mas pode me chamar de Ed, Detetive Ed. Temos que conversar filho.
Agora ele tem certeza que se fodeu.


just..enjoy.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Coração Macio

Garoto pimpolho de barriga comprida e olhos do tamanho do chão.
O garoto não conseguia dormir,
seu coração cantava tresloucado.
Deitou e sem conseguir contar carneirinhos
pos à mão no peito.
Batia forte, fazia barulho como se alguém estivesse pulando dentro dele.
Teve uma idéia
abriu seu peito com muita calma, tirou seu coração de lá,
apertou e colocou-o em seus olhos e deitou nele.
Observou o estranho órgão de seu corpo.
Como era pequeno, tão fantástico e macio
parecia um travesseiro
- coração você poderia, por favor, se acalmar para eu poder dormir?
Sem ele dentro de si, o peito ficava uma calma e uma paz
E logo, o coração foi ficando baixinho
e sua cabeça quase não sentia o impacto.
Daí em diante o coração se tornou o melhor amigo do menino,
nada de barulhos,sempre quietinho na hora dele dormir.
O garoto começou a levar o coração pra todo lugar que ia,
riam juntos e choravam,
ás vezes o garoto imitava o coração e eles faziam bagunça juntos
até q um dia...
A garota pediu o coração do tal garoto
ele não quis dar, mas ela era tão serelepe
que ele nem viu quando ela pegou seu coração e correu,
deu a volta no mundo com ele
e dormia todas as noites com aquele coração macio
do outro lado, o garoto começou a se sentir vazio
seu peito ficou murcho e não lembrava mais do barulho do coração
então percebeu como isso fazia falta, como o silêncio era vazio, aos poucos o garoto foi desfalecendo,começou a procurar sons.
O garoto ouviu tanta coisa que morreu de barulho.
(as palavras matam, gritadas ainda! Vix!)
O coração também sentiu sua falta, e fugiu em um dia de sol
mas o coração não podia mais encontrar seu amigo,
ficou quieto, murchou, esvaziou
e no silencio que o garoto tanto gostava
o coração encontrou lembranças de seu amigo e parou de bater
sentindo o aconchego do garoto.

Obs (A menina continuou a ser serelepe e a roubar corações para dormir neles)

...il propage ses ideias..

segunda-feira, 17 de março de 2008

Minhas breves vidas


Minhas vidas complicadas, arrojadas, sinceras e amarguradas.
Nada de teatro, a pura essência da vida em seu sistema mais simples:
Inspirar e expirar, inspirar e expirar.
Digo a vocês que lembro de tudo, todas as minhas vidas.
De cada primeiro passo que me aventurei a tentar, de cada beijo desapaixonado que me deliciei e de cada falta de ar que senti nas minhas mortes. Se eu fosse um pensador arrojado isso seria algo a se falar...
Se eu fosse assim, ótimo escritor e bom com as palavras eu diria, aliás, não digo conclusões, reflito apenas. Voltando ao assunto, diria-lhes sobre o momento em que morremos, como completa o cansaço de viver e finaliza nossas vidas com um belo ponto final, sem começo de outro parágrafo posterior. Simplesmente viver é lindo e morrer é o ápice do sentido de viver, é o segundo que nos sentimos mais vivos. Mas não sou esse pensador tão bom assim para dizer essas coisas (quem dera). Então vou dizer de minhas meninas e meninos, velhas e velhos, jovens e complexos seres em que me fiz crescer:
Quando eu era garoto...
Não, não!
Quando eu era um moço...
Ah! Não sei por qual vida começar...
Bem, acho que vou me deliciar com uma gulosa (o incrível ronco que meu estômago desenvolveu agora me fez lembrar dela):
A menina gorducha
Descalça caminhava todo dia, bela branquela.
Coração de plumas, ingênua sorria.
Chamava-se...Deixa-me ver se me lembro...
.....................................................................
(depois de 847.237 dias)
Não me lembro não! Ela foi umas das minhas primeiras vidas, vou chamá-la de “como” me lembro dela: A investigadora.
Pq? Bem, esta mocinha tão simpática investigava sabores, não conseguia parar, queria saber do que era feito aquilo e isso para depois, adivinhem só! Comer.
- Mãe pq a nossa casa não é feita de doce como a do João e da Maria?
- Mãe pq os carros não são feitos de doces? Para quando chegássemos no destino, poderíamos descansar nos deliciando com a comida de que fizemos o carro. E é claro, se um velhinho passasse na rua eu daria um pedacinho pra ele.
- Mas só um pedacinho.
- Pára menina, você vai ficar de castigo!
Chorona a menina diz:
- Mãe, ô mãe, manhê!

- Pq você não me coloca de castigo num quarto feito de doces? Prometo que não vou sair de lá...

Ainda racho o bico quando lembro dela, espero que tenham se deliciado com a bela branquela, pois, eu, ah! eu me deliciei muito quando era ela, o prazer da gula materializado em uma menininha.
Despeço-me para ir comer algo (eu avisei que minha barriga fez um ronco) e enquanto me delicio tento lembrar de outra breve vida que tive...

...il propage ses ideias...

sábado, 1 de março de 2008

Senta que lá vem a história - Prt. 9

-Caio. O que está escrito ali?
-Onde?
-Ali ó!
-Não sei da onde você está falando. Copia do meu.
-Mas a sua letra é feia!
-Então não posso fazer nada por você.
-O que está escrito aqui?
Bruna abaixa e mostra seus seios muito bem guardados por um sutiã branco de renda. No momento que abaixa ela olha fixamente para os olhos de Caio, abre um sorriso, olha seus seios amostra, olha para Caio novamente e continua sorrindo. "Vagabunda!" pensa ele. A menina mulher toma seu caderno, coloca a caneta na boca e de um jeito sexy faz um barulho de compreensão.
-Brigado meu amor.
-Que isso.
-Certo pessoal, semana que vem peguem o livro base na biblioteca. Teremos um exercício de fixação. Diz o professor Pedro.
-Caio, vamos tomar uma cerveja?
-Poxa, to sem vontade Bruna. Acho que vou comer um dog, sei lá.
Caio sabia que a fumaça da chapa deixava todos com cheiro de gordura. E Bruna odiava isso.
-Acho que vou com você. Não comi nada o dia inteiro.
Ele se enganou.
-Tá de regime?
-Tive um dia corrido. Mas você tá me chamando de gorda?
-Você ouviu essas palavras saírem da minha boca?
-Grosso! Estúpido!
Algo vibra em seu bolso. Caio fica feliz, pois assim ficaria livre de Bruna por alguns instantes. Mas ao olhar no visor do celular, sua felicidade acaba instantaneamente.
-Oi.
-Oi meu amor, tudo bem?
-Quem é?
-Vai se foder Caio, você sabe quem é.
-Oi Vivi's.
-Meu amor, to com saudades de você. Eu vou na sua faculdade te ver agora.
-Não. Tenho aula de...de...de...estudo da propaganda. E é complicada essa matéria.
-Ah! Tudo bem, eu vejo a aula com você.
-Sabe o que é...não posso me desconcentrar.
-Ok, então te vejo no final da aula. Vou estar no bar.
-Não posso ficar no bar, tenho reunião amanhã. Meu diretor vai fazer uma apresentação e vou ajudá-lo. E tenho que ir de ônibus para casa, hoje era meu rodízio.
-Eu te levo para casa.
-Não quero te incomodar.
-Não é incomodo, namoradas servem para isso meu anjo.
-Namorada? você diz tão diferente essa palavra.
A entrada da faculdade era como um jogo de futebol, mas não da liga inglesa. Parecia um clássico entre Corinthians e Palmeiras. Vendedores de pipocas, batatas e churros disputavam lugar com pessoas fumando, comendo nas barracas que preparam lanches porcamente, carros passando e todos os tipos de universitários indo e voltando dos bares. Então uma voz familiar faz a pergunta de um milhão:
-Onde a gente vai comer meu amor?
-Quem tá aí com você?
-Tem um monte de gente aqui.
-Não, falaram com você! É aquela vagabunda loira não é? Desgraçada gorda, vadia! Você vai comer o que Caio? Ela?
-Não, um dog. Você quer?
-Para de ser irônico. Ela vai acabar com nosso relacionamento como já fez uma vez.
-Lá vem o drama...
-Caio, desliga o telefone e vem comer meu anjo, vai ficar frio seu dog.
-Eu vou matar essa menina!
-Vivi tenho que desligar, preciso pagar o dog, comer e ir para a aula.
-Você não me ama mais!
E começa o drama conhecido por todos. Ela chora, grita, esperneia. E Caio?
-Boa noite Vivi, Beijão.
Caio desliga o celular. Já está calejado dos chororos. Com uma mão pega o dog e com a outra paga os dois com uma nota de 10.
-Você pagou pra mim?
-É.
-Por isso que gosto de você.
-Por quê te paguei um dog?
-Não, por ser cavalheiro. Mas faço questão de pagar, to com o dinheiro no meu carro.
-Que isso, não precisa...
Seu bolso vibra novamente. Com o pensamento em Vivi, ele deixa o celular tocar algumas vezes com a esperança que ela desista. Mas se irrita rapidamente com a vibração e o atende:
-Fala meu Deus...
-Nossa, desculpa. Sabia que você era um homem ocupado, que falava com gente importante, mas nunca imaginei você falando com Deus.
-Quem é?
-Carol.
Seu coração salta pela boca assim como um sapo pula para a água em pleno verão. Não sabe se presta atenção na rua, no dog ou em Bruna.
-Tudo certo?
-Tudo sim. Te liguei pra saber se está tudo bem. Da última vez que conversamos você estava meio estranho.
-Não, to bem sim. E sua perna?
-Tá em ordem. Você ficou preocupado com a minha perna e o mínimo que poderia fazer era retribuir a preocupação.
-Que isso.
-E a Namo?
-Quem?
-A namorada.
-Ah, não namoro não. Aquilo foi um mal entendido.
-Hum, entendi.
-E seu namo?
-Bem, preciso voltar pra aula.
-Tá no intervalo aí também?
-Não, to em aula mesmo.
-Nossa você acertou o horário do intervalo daqui ein.
-Tenho amigos que estudam ai. Bem, tenho que ir, beijinho.
-Espera.
-Oi.
-Todas as sextas me reuno com uns amigos, num bar perto da Pamplona. Você poderia aparecer sexta, o que acha? Estamos lá a noite inteira.
-Veremos. É que eu tenho que resolver algumas coisas.
-Ok então, boa aula.
-Beijinho.
-Beijo.
Caio desliga o telefone como se algo de ruim tivesse acontecido. A fome passa. Bruna já está no fim de seu dog quando chegam a sala.
-Quem era?
-Uma amiga.
-Não vai comer?
-Não, você quer?
-Hum...quero vai.
-Que gordinha!
-Para. Vou me sentir culpada. Pode deixar que pago esse dog pra você também.
-Não precisa.
A aula foi sem sentido. Na verdade tinha sentido, todos riram dos vídeos, das estratégias adotadas pelos mercadólogos. Mas Caio estava pensativo, e triste com o telefonema. "Ela te ligou, você deveria ficar feliz!" Uma voz em sua cabeça repetia isso para ele. "Deve ser um problema de trabalho, ou da facul". Mas o garoto continuava pensativo.
Na saída Vivi não estava presente. Caio passou na frente do bar com Bruna, que insistiu em pagar os dogs para ele. Como onde ela tinha estacionado era caminho para o metro e a menina disse que daria uma carona para ele, Caio a acompanhara só por interesse. Seria um dia longo amanhã.
-Tá aqui o dinheiro.
-Já disse que não quero.
-Mas quero te pagar Caio!
-Já está me pagando, você vai me dar uma carona até o metro.
-Te levo pra casa, pode ser? Você vai ficar cansadinho.
-Um dog vale tudo isso?
-Vale.
-Cansado eu já to. Hahaha você quis dizer que vou ficar tenso andando com você né!
-Engraçadinho, não...cansado mesmo.
Bruna puxa a blusa e ela cai como um prédio implodido, seus lindos seio ficam amostra. Ela pula em cima de Caio como uma leoa. Como um vampiro buscando a última gota de sangue de sua vítima.Ele tenta escapar mas é em vão. Ela sabe exatamente o ponto que o paralisa.
-Quietinho meu amor.
-Bruna, eu tenho que acordar cedo amanhã.
-Prometo que irá dormir como um anjo depois que eu cuidar de você.
-Para com isso Bruna.
-Adoro quando você banca o difícil. Eu sei que você me quer, se não, não teria vindo comigo até o carro.
Em um pouco ela estava certa.

just..enjoy.

Crescer...

Preciso crescer mas ainda escuto Strokes. Gosto de batata frita. Ketchup, muito ketchup. Tem vezes que não olho pros dois lados antes de atravessar a rua. Jogo bola na rua quando tenho vontade. Bato figurinha na calçada e sujo a mão de terra. Tenho vergonha. Chamo meu pai pra me levar aos lugares. Grito pela minha mãe quando estou com medo.
Tenho medo do escuro. Ando descalço. Esqueço de falar "obrigado". Bato no meu irmão. Vejo desenho. Jogo vídeo game. Canto no chuveiro. Enfio o dedo no nariz. Dou risada quando não posso. Sou irresponsável. Choro. Brinco de pega-pega. Gosto do recreio. Tenho vergonha de pegar na mão de meninas. Sou desajeitado. Coleciono pedras. Brinco de Lego. Leio gibi.

Preciso crescer mas...o que é crescer?
É ver ler jornal? Trabalhar? Pagar contas? ou seria ter saudades da infância e lembrar que tudo não passava apenas de uma brincadeira?


just..enjoy.